Pólis 2.0

Com a autorização do TSE, a partir de julho começarão as propagandas políticas na internet. Os candidatos poderão usar e-mails, sites, blogs, mensagens instantâneas e redes sociais desde que não sejam pagas e que não tenha, de acordo com o site Internet Legal, “a veiculação em sítios de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos e sítios oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

Como já disse em outros posts, a internet não é uma nova mídia mas muitas figuras públicas ainda não a conhecem muito bem e não sabe o tamanho de seu alcance e poder. O evento Ciclo Comunicar do grupo Nós da Comunicação, em parceria com a ESPM, levantou a discussão sobre o papel dos políticos e do cidadão na era digital.

O debate teve a participação de Graziela Tanaka, Coordenadora da Campanhas da rede mobilizadora Avaaz; Fabiano Carnevale, secretário nacional de Comunicação do Partido Verde (PV); Lula Vieira, publicitário e diretor de marketing da Ediouro; Silvio Tendler, cineasta e Marco Aurélio Lisan, coordenador de jornalismo da Rádio Globo.

A primeira parte do debate foi para conhecer melhor os participantes. Graziela destacou a importância da internet para mobilizar as pessoas para as ações da ONG. Falou também que fazemos parte de uma sociedade civil global com os mesmo valores e que através da web ganhamos voz. Deu como exemplo a campanha Tck, tck, tck da Oxfam para a Conferência Climática de Copenhagen.

Fabiano disse que Fernando Gabeira sempre apostou na internet. Mantém seu site desde 98 e achou que a divulgação de um vídeo durante sua campanha em 2008, argumentando sobre alguns políticos que falavam que Gabeira não teria expressão nas eleições fez a diferença. Para Fabiano a internet não é somente um instrumento de propaganda e sim um lugar para compartilhar ideias. É uma nova forma de fazer política.

Lula Vieira começa a falar sobre seu texto “A vitória de Gabeira“. Também tinha ouvido que Gabeira teria expressão zero nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro em 2008 mas, com poucos recurso e a transparência mostrada na internet, no final conseguiu disputar a liderança com Eduardo Paes.

Silvio mostrou o trailer de seu recente filme Utopia e Bárbarie. O projeto teve início em 1990, após a queda do muro de Berlim. Quando estava para terminar houve o ataque às Torres Gêmeas nos EUA em 11 de setembro de 2001. Resolveu refazer o filme. Depois, em 2008, teve a vitória de Barack Obama à candidatura de presidência nos EUA e devido a esse fato histórico, lá foi ele refazer seu filme mais uma vez.

Tantas idas e vindas é justificada pela sua vontade de trabalhar com o passado voltado para o futuro. Para ele rever a história é construir uma nova história. Para a política na era digital, Silvio diz que a internet apesar de olhar para o futuro, sempre resgata o passado. Tudo que você faz está agora mais do que registrado e isso de dizer que brasileiro tem memória curta não existe mais.

Marco conta uma passagem que teve sobre a força da internet e a emenda Ibsen. Querendo a versão do deputado sobre toda a polêmica da distribuição dos royalties do petróleo, Marco pede a um repórter tentar entrar em contato com o político. Após milhares de tentativas, enfim consegue uma entrevista via telefone para a Rádio Globo. O jornalista então resolve colocar o contéudo no site, que mais tarde vira matéria no Jornal Nacional. Ou seja, a repercussão toda aconteceu com a notícia colocada na internet. Porque passa para e-mails, redes sociais, blogs e assim milhares de pessoas têm um acesso que pelo rádio não aconteceria.

Na 2ª parte do encontro uma pergunta veio à tona: Qual vai ser o papel então da internet no processo eleitoral?

Fabiano responde que a internet não é a grande panacéia que resolverá todos os problemas mas reconhece que sim é um grande meio de comunicação. Muitos vendem a internet aos políticos que o que aconteceu no caso de Obama também acontecerá com eles mas acredita que no Brasil isso não seria possível.

Silvio argumenta que o cidadão vai interferir na vida política pela web sim. A internet permitirá ao público usar ferramentas da democratização há muito esquecidas. Destacou que o presidente Lula conseguiu se reeleger apesar de toda a mídia “tradicional” ter sido contra. Sem dúvida a internet teve um papel nisso.

Graziela falou que a chave está na ação coletiva. Com a internet as pessoas não se sentem sozinhas ao protestar por alguma coisa. O mundo está conectado e se antes o governo, especialmente na época da ditadura, calava o povo, hoje pela internet não há mais como.

Marco finalizou lembrando de uma reportagem antiga do Fantástico sobre o uso do telefone no carro. Achou aquilo coisa de outro mundo. Atualmente é o jovem que acha difícil um mundo sem internet. O computador e o celular fazem parte do dia a dia. A gente pode colocar uma matéria no site ou no blog em tempo real. Se antes os políticos tinham medo de falar alguma coisa perto de jornalistas, agora é o povo que tem nas mãos a capacidade de eleger e arranhar suas imagens.

Não temos dúvida que são milhões de brasileiros online. Não só da classe A e B como da C e D também, é só ver o fenômeno das lan houses. Muitos passam mais tempo conectados do que assistindo televisão. Você tem que ir aonde o povo está. E se acham que podem nos enganar tão facilmente, estamos mais atentos. O Big Brother não é só na Rede Globo. É no senado também.

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Sobre Bárbara Gaia

Vivo no fantástico mundo digital e da redação publicitária. https://about.me/bngaia

2 Respostas para “Pólis 2.0”

  1. sandra freitas diz :

    ei gostei muito do seu trabalho! vou acompanhar com carinho essa rede…boas ideias!!!boas utopias!!!!boas palavras!!!1Abraço fraterno.

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